ah, antes fosse fulana
uma guimba
uma pena de pardal
buzina de carro
granito de asfalto
uma nota fiscal
da padaria
(mas agora, fulana é!)
(Ah, se fulana
dormitasse nos meus ombros
e, distraída, caísse
enquanto corro no vento
com todo seu peso
de estrela morta.
Que sua polpa azedasse
e tombasse na relva,
rolasse à poeira
como chapéu surrado.
Não! Que aos pouquinhos
fosse amarelando
e serenamente pousasse
como folha de outono.)
o mendigo me pede moedinha
(seria mal de amor?)
no bar me interpelam:
(sempre a mesma empunhada)
- Hoje veio de táxi?
- A pé, Gigante.
- Você sócaminha.
cúmplices do absurdo,
(no fundo, nada absurdo)
sorrimos.
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