domingo

operário amargo

muitas palavras
carcomidas, penduradas
em línguas aceboladas

ainda há, contudo
um arroz e feijão
nessa amarga panela

mas morcegos
roubam
tuas sementes

e teus sonhos
chupam todo
teu açúcar

a sopa de letrinhas
não cura
tua bebedeira

e a tua fibra
fibrila
sob o sol

quarta-feira

Marchinha

mamãe eu quero
um riso anônimo
e anômalo

mamãe eu quero
a bossa
da quarta-feira

mamãe eu quero
a lírica
acinturada

mas também quero
vagar
pelos sinais