Nas últimas gotas vermelhas
do veneno solar,
um sereno salgado,
saboreado pelas primeiras tragadas
(orquestra muda
de jovens centelhas).
Um couro delicado vai borrando as calçadas
vestidos barulhentos contorcem na esquina
E aromas coloridos
E becos ferinos
Tranças, cachos e cachecóis
Coletes, golas e galãs
Laços, lãs e leides
E vidros e óleo e gasolina
Tudo Tudo engrenado
aos apitos de alguma locomotiva.
Cães me guiam
Serpentes me arrastam...
A cidade está bêbada, beibe
e não consigo te encontrar.
sexta-feira
terça-feira
Amante Insone
No hálito das noites quentes
tive medo de apodrecer
com todas as frases do corpo.
Te encontrei serena
alimentando lobos cegos
e na palma da tua mão
colhi vida.
E agora,
nenhum volume antigo
restou do teu acervo.
Nem um trágico murmúrio
amarrou nossas gargantas.
É penoso rasurar humores
e beber imagens envenenadas
que brincam faceiras
em recreios diabólicos.
Depois chega o dia.
E ainda, na hora do café,
lá está você, no negro vapor,
no amargo cozido e quente
amornando a face e os lábios.
tive medo de apodrecer
com todas as frases do corpo.
Te encontrei serena
alimentando lobos cegos
e na palma da tua mão
colhi vida.
E agora,
nenhum volume antigo
restou do teu acervo.
Nem um trágico murmúrio
amarrou nossas gargantas.
É penoso rasurar humores
e beber imagens envenenadas
que brincam faceiras
em recreios diabólicos.
Depois chega o dia.
E ainda, na hora do café,
lá está você, no negro vapor,
no amargo cozido e quente
amornando a face e os lábios.
João S. A.
A placa de PARE
era o pai espiritual.
Na sombra da marquise
encontrei minha mãe
namorando brasões;
dedilhando promessas,
me mandou ir à escola.
Deslizei entre os cabides
e sentei no milharal.
Por um quarto de sol
namorei o púlpito,
e do amante ingrato
recebi apaixonado
um ramalhete de outdoors.
Fugi de desgosto,
cruzei os esgotos
e os ratos barulhentos.
De ouvidos zunindo,
ia desmontando os ruídos,
até encaixar meus nervos
num discurso régio
de marca registrada.
Agora sou feliz...!
Transito seguro,
desfilo contente
em todas as praças.
Dezenas de autoridades
Dezenas de insígnias
sempre anunciam
a minha chegada.
era o pai espiritual.
Na sombra da marquise
encontrei minha mãe
namorando brasões;
dedilhando promessas,
me mandou ir à escola.
Deslizei entre os cabides
e sentei no milharal.
Por um quarto de sol
namorei o púlpito,
e do amante ingrato
recebi apaixonado
um ramalhete de outdoors.
Fugi de desgosto,
cruzei os esgotos
e os ratos barulhentos.
De ouvidos zunindo,
ia desmontando os ruídos,
até encaixar meus nervos
num discurso régio
de marca registrada.
Agora sou feliz...!
Transito seguro,
desfilo contente
em todas as praças.
Dezenas de autoridades
Dezenas de insígnias
sempre anunciam
a minha chegada.
Cartas
Há tempos não ganho cartas...
só cores emprestadas,
convites anônimos,
bilhetes inutilmente secretos...
Espero na varanda
coçando o queixo;
mas que sina alérgica
reconhecer sem conhecer,
vislumbrando constrangido
respostas sem perguntas!
Codifico sem ler,
calculo sem ter.
Lavo minhas mãos,
cozinho e mastigo folhas amargas
(e é mentira:
não me sinto tão saudável).
só cores emprestadas,
convites anônimos,
bilhetes inutilmente secretos...
Espero na varanda
coçando o queixo;
mas que sina alérgica
reconhecer sem conhecer,
vislumbrando constrangido
respostas sem perguntas!
Codifico sem ler,
calculo sem ter.
Lavo minhas mãos,
cozinho e mastigo folhas amargas
(e é mentira:
não me sinto tão saudável).
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