a vida tem seu ritmo
não me peça um algo-
ritmo
segunda-feira
quarta-feira
batida
pisar no chão
tomar um tapa
na palma da mão
britar a pedra
picar o silêncio
na sólida morte
no escuro maciço
tic-tac
pá-pum
toc-toc
tum-tum
vida percurtida
passeando dentro
de zil intervalos
sem eira nem beira
passo a passo
ponto a ponto
esse tamborilar
não é o infantil espanto
o grito mais puro
o vulcão sanguíneo
anúncio do verbo
mais intransitivo?
tomar um tapa
na palma da mão
britar a pedra
picar o silêncio
na sólida morte
no escuro maciço
tic-tac
pá-pum
toc-toc
tum-tum
vida percurtida
passeando dentro
de zil intervalos
sem eira nem beira
passo a passo
ponto a ponto
esse tamborilar
não é o infantil espanto
o grito mais puro
o vulcão sanguíneo
anúncio do verbo
mais intransitivo?
bandeira iluminada
bandeira quente e universal
que flama naquele peito
de tísico profissional
sem dever e sem direito
e sem minúsculos porquês
vai rasgando céus estreitos
partejados sem gravidez
sonoro, selvagem animal
transpirando o seu manual
de lírica em português
assim tremula manuel
num frêmito de menestrel
que flama naquele peito
de tísico profissional
sem dever e sem direito
e sem minúsculos porquês
vai rasgando céus estreitos
partejados sem gravidez
sonoro, selvagem animal
transpirando o seu manual
de lírica em português
assim tremula manuel
num frêmito de menestrel
a dama da noite
sento na varanda
no fim do dia
albergo crianças famintas
que engolem a tarde
fecundo uma pose inútil
aguardo a noite inútil
com meus inúteis vícios
urubu-rei me avisa
de cima do arranha-céu
- que a escuridão te espera!
- que ela vem te buscar!
eu não arrumei minhas malas
não enterrei meus tesouros
mas as roupas já pouco me servem
e guardo pedras de peso sem brilho
e mesmo assim, mesmo assim!
ela vem me roubar
o gato negro
circunda atento meu corpo
pede carícias
murmura que estamos vivos
que a madrugada é um abraço frio
mas pede pelo meu beijo
ela vem com a brisa
anjo de poucas palavras
cortesã das horas
consulesa do Hades
perfumada de Vênus
no úmido sereno
- que ela vai te matar!
sim, ela vai te matar!
num denso vapor de vinho
na sombra da sua alcova
ela vai te matar de amor
e vamos devorar cada um
dos teus segredos!
no fim do dia
albergo crianças famintas
que engolem a tarde
fecundo uma pose inútil
aguardo a noite inútil
com meus inúteis vícios
urubu-rei me avisa
de cima do arranha-céu
- que a escuridão te espera!
- que ela vem te buscar!
eu não arrumei minhas malas
não enterrei meus tesouros
mas as roupas já pouco me servem
e guardo pedras de peso sem brilho
e mesmo assim, mesmo assim!
ela vem me roubar
o gato negro
circunda atento meu corpo
pede carícias
murmura que estamos vivos
que a madrugada é um abraço frio
mas pede pelo meu beijo
ela vem com a brisa
anjo de poucas palavras
cortesã das horas
consulesa do Hades
perfumada de Vênus
no úmido sereno
- que ela vai te matar!
sim, ela vai te matar!
num denso vapor de vinho
na sombra da sua alcova
ela vai te matar de amor
e vamos devorar cada um
dos teus segredos!
segunda-feira
café da manhã
enquanto como, bebo
penso que há
tantos vícios-enguiços
que habitam
a vida habitual
(esse grande vício)
ah, o vício!
a prova
da virtuosidade
do hábito
e quando nada
mais já nos estranha
não só a
carne, mas o verbo
e o pão
nosso de cada dia
perdem o viço
muita coisa habita ess'ampulheta.
a revolta espiando
esse fluxo.
hinferências
empatizo quando in-vejo
transo-unto se me cruza
espanto com a res-posta
mais ainda no entre-tanto
com-tudo e com-posto
sendo ali um piro-técnico
num emprego in-formal
derretendo algumas formas
transo-unto se me cruza
espanto com a res-posta
mais ainda no entre-tanto
com-tudo e com-posto
sendo ali um piro-técnico
num emprego in-formal
derretendo algumas formas
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