quinta-feira

Quando estou fodido

quando estou fodido
as letras mastigam
o prumo da voz
há um livro aberto
sem início ou fim

quando estou fodido
há um riso no céu
de um pássaro louco
a zombar dos ares
a cagar em mim

quando estou fodido
o olho é taurino
a voz é medonha
as mãos são de ferro
o beijo é de gim

quando estou fodido
a chuva solfeja
afoga umas notas
são teclas de gelo
e dor de marfim

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