Foge folha,
tão sazonal
quanto um lamento
tão desprendida e cega
quanto uma cólera
tão brilhosa e macia
quanto um devaneio
tão reticente e dependente
quanto um coração
tão verde e discreta
como um primeiro beijo.
Foge folha,
ao sabor do vento,
num ritmo ditado
pelos dribles cretinos
desse tempo.
sexta-feira
Ainda frio
O gato mia
O vento uiva
A janela bate
A porta range
O assoalho estala
A lenha crepita
Todos querem companhia
numa noite de inverno.
O vento uiva
A janela bate
A porta range
O assoalho estala
A lenha crepita
Todos querem companhia
numa noite de inverno.
Lenhador
Há poucas trilhas
pra percorrer teu espaço
bruto, exótico, fechado.
Quando racho teus ecos
explodem lascas de idéias.
Recolho e empilho paciente
cada porção de lembrança.
Experimento a distância
entre coxilhas geladas.
Descanso.
Com uma cuia fumegante
observo frases de amor
e o tempo infiel
congelando seus contornos.
Nada quero queimar,
espero tua primavera
e me aqueço
debulhando outras sentenças.
pra percorrer teu espaço
bruto, exótico, fechado.
Quando racho teus ecos
explodem lascas de idéias.
Recolho e empilho paciente
cada porção de lembrança.
Experimento a distância
entre coxilhas geladas.
Descanso.
Com uma cuia fumegante
observo frases de amor
e o tempo infiel
congelando seus contornos.
Nada quero queimar,
espero tua primavera
e me aqueço
debulhando outras sentenças.
domingo
É frio
É frio que borbulha
belisca e arranha
provocando as artérias
assanhando os pulmões.
É frio e é noite
açoite de chuva
de vento afiado
estilhaço de beijos
de línguas geladas.
Rapidamente avançam
pelo meio da espinha
deságuam
com a madrugada
num copo de ânsia.
O corpo enverga
a seiva encolhe
o peito retesa
os lábios hibernam
enquanto esperam
a primavera da flor.
belisca e arranha
provocando as artérias
assanhando os pulmões.
É frio e é noite
açoite de chuva
de vento afiado
estilhaço de beijos
de línguas geladas.
Rapidamente avançam
pelo meio da espinha
deságuam
com a madrugada
num copo de ânsia.
O corpo enverga
a seiva encolhe
o peito retesa
os lábios hibernam
enquanto esperam
a primavera da flor.
segunda-feira
Filhos do preto e branco
O negro nega
na grave brisa
granadas de bruma
que o branco cega
Negue que o negro
branco fizesse
já que a brasa
logo acontece
logo enegrece.
Negue que o branco
negro fizesse
já que o negro
logo acontece
logo que o branco
desaparece....
Na manhã dourada
sobre a cinza branca
o azul do mar
violetas envenenadas
vinhos – vinagre.
No gramado verde
nossas bocas rosadas
e alguns sonhos,
rubros.
na grave brisa
granadas de bruma
que o branco cega
Negue que o negro
branco fizesse
já que a brasa
logo acontece
logo enegrece.
Negue que o branco
negro fizesse
já que o negro
logo acontece
logo que o branco
desaparece....
Na manhã dourada
sobre a cinza branca
o azul do mar
violetas envenenadas
vinhos – vinagre.
No gramado verde
nossas bocas rosadas
e alguns sonhos,
rubros.
Ferida
Reli as próprias linhas.
Subi num palco fantasiado
Beijei a vida
(Eu, e minha íris bisonha).
Evitei acordar
em algumas manhãs
mantive tranqüila
a úlcera da urbe.
Visitei parques floridos
em sábados de futebol.
Contei segredos,
enchi de balas
o bolso de moleques.
Fiquei lavado e perdido,
como um leitor de salmos
respirando um despropósito...
Subi num palco fantasiado
Beijei a vida
(Eu, e minha íris bisonha).
Evitei acordar
em algumas manhãs
mantive tranqüila
a úlcera da urbe.
Visitei parques floridos
em sábados de futebol.
Contei segredos,
enchi de balas
o bolso de moleques.
Fiquei lavado e perdido,
como um leitor de salmos
respirando um despropósito...
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