Matos e crianças germinam nas ruas.
Minha amassada e solitária vizinha
xinga e chuta seu inseparável parceiro,
que lambe e morde as pedras do quintal.
Em algum lugar alguma coisa está queimando.
Alguma fúria urbana tropeçou
ali na esquina.
Se encheu de vidro e aço,
encheu de entusiasmo
meia dúzia de curiosos.
E os sinos, lá de longe,
lembram os curiosos
de que é bom sofrer...
E o meu rádio vai soprando,
esgotando a última pilha.
A trilha se arrasta
e as notas tropeçam
e grudam como fumaça
entre os pêlos do corpo.
Meu couro amarelado vai esfriando
com o cair da tarde...
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