quando ela bate na porta
eu saboreio um caso
de alegre-indigente
do tempo da gente
quando ela bate na porta
não há tempo pra ensaios
mas quero matar os meus ratos
e lavar minhas xícaras
quando ela bate na porta
enguiça minha mecânica
atiça uma angústia
acústica
quando ela bate na porta
eu não sei se é ela
eu não sei se é tarde
mas eu sempre amanheço
quinta-feira
quarta-feira
Vem a manhã
vem a manhã com seus canários
e suas latas de tinta
despertar entre o concreto
um cheiro de café e hortelã
vem a manhã de fúria e pressa
sacudir nossos lençóis
aquecer os cães que ladram
(sempre atrás dos portões)
vem a manhã com seus conselhos
costurar malhas elétricas
e mover nossas artérias
por impulsos binários
vem a manhã com suas promessas
cobrar algumas dívidas
e empilhar nas calçadas
suas caixas de presente
vem a manhã com seus motores
e sua cantiga pneumática
abrir nosso comércio
de sonhos e obrigações
vem a manhã maquilada
(novo e maquinal aniversário)
e há mais velas derretendo aço
(ladras do cansaço de amanhã)
e suas latas de tinta
despertar entre o concreto
um cheiro de café e hortelã
vem a manhã de fúria e pressa
sacudir nossos lençóis
aquecer os cães que ladram
(sempre atrás dos portões)
vem a manhã com seus conselhos
costurar malhas elétricas
e mover nossas artérias
por impulsos binários
vem a manhã com suas promessas
cobrar algumas dívidas
e empilhar nas calçadas
suas caixas de presente
vem a manhã com seus motores
e sua cantiga pneumática
abrir nosso comércio
de sonhos e obrigações
vem a manhã maquilada
(novo e maquinal aniversário)
e há mais velas derretendo aço
(ladras do cansaço de amanhã)
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